terça-feira, 31 de março de 2015

Tudo passou...*


Realmente quando se diz que: "isso vai passar"!!! Pode acreditar. Tudo passa!!!
Por mais triste, pesado, cinza, doído, apertado, confuso que esteja o momento de dor, um dia, uma hora...  num instante a vida vai te surpreender.
Isso também passa!!!
Tudo ficou para lá, longe, num lugar distante, num lugar bonito e reconfortante, numa tarde triste de sol de fim de verão, perto do pico da montanha, num lugar imaginário, escondido, que nem quero lembrar mais.
Só de vez em quando sinto um aperto no peito como se o enorme sentimento de nada fosse invadir novamente minha alma e tragar-me para dentro de uma caixinha escura e vazia. Mas... Ilusão!!! Prefiro andar e dançar com os pés no chão. Aliás, preciso exercitar, todas as horas, permanecer aqui nesse lugar chamado mundo.
E quando, por um descuido, me lembro dos tristes dias, eu me sinto forte e sigo em frente sem dar nem uma pequena olhada para lá.
Não!!! Não olharei para o passado, só interessa o agora e o futuro... Entretanto, só uma vez por semana, numa sala segura e não muito iluminada, eu permito dar uma olhadinha para dentro da caixa, isso tudo como forma de medicamento para a alma.
Quando o corpo adoece é a alma gritando para ser cuidada e tratada... Ela implora por um pouco de atenção e carinho. Aí, paramos tudo e finalmente olhamos para ela.
Cuidar da alma é cuidar do corpo e do coração, foi difícil de chegar a essa conclusão, entretanto quando se chora lágrimas, que nem só suas são, a vida te joga para a realidade e negá-la seria ilusão.
A essência de felicidade que temos nunca se esgota. É interessante perceber, depois de uns meses de sofrimento, que toda aquela vida viva ainda está em ebulição. Tudo que parecia acabado não passa de uma miragem, de um vidro embaçado que de repente foi limpo.
A vida é um pouco estranha... Sempre acreditei em contos de fada, porém acho uma chatice a vida das princesas!!! Tão certinhas! Tão arrumadinhas. Eu não queria ter acreditado que ser princesa seria o ideal. Odeio a vida das princesas. Tão previsíveis... Que coisinha mas sem graça! Eca...
Se é para estar num conto de fadas que eu seja a bruxa então, malvada, livre das convenções!!! Amo a vida das feiticeiras. Muito mais interessante.
Eu acho que minha alma estava precisando dessa libertação, esse expurgo necessário para tornar-me quem realmente sou. Desagendar alguns personagens construídos durante anos, meses, dias, horas, segundos. Estou cansada só de pensar em quantas personagens que eu colecionei ao longo da vida. Será que só eu questiono isso? Será que isso é desnecessário? Será que autoconhecimento traz alegria? Mas, e as sombras?
Feias.
Dolorosas.
A única coisa que sei é que se há sombra deve haver luz e tanto uma quanto a outra fazem parte de uma mesma alma, a minha. Aceito-as de agora para sempre, com respeito e paciência, com perdão e mansidão. Não sou perfeição. Nem preciso ser. Somente quero continuar a dançar com os pés no chão e, se por outro descuido ferir meu pé, chorarei dignamente, mas não lamentarei ter deixado de dançar por medo de me machucar!
*Vanessa Ribeiro
Professora, atriz, dançarina e filósofa clínica.

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